HIHIHIHIHIHI :-)
sábado, 18 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
"Ávidos de ter, homens e mulheres
Caminham pelas ruas. As amigas sonâmbulas
Invadidas de um novo a mais querer
Se debruçam banais, sobre as vitrines curvas.
Uma pergunta brusca
Enquanto tu caminhas pelas ruas. Te pergunto:
E a entranha?
De ti mesma, de um poder que te foi dado
Alguma coisa clara se fez? Ou porque tudo se perdeu
É que procuras nas vitrines curvas, tu mesma,
Possuída de sonho, tu mesma infinita, maga,
Tua aventura de ser, tão esquecida?
Por que não tentas esse poço de dentro
O incomensurável, um passeio veemente pela vida?
Teu outro rosto. Único. Primeiro. E encantada
De ter teu rosto verdadeiro, desejarias nada."
Hilda Hilst em "Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão"
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Sobre um rosto e suas sardas
Porque tomaste chuva
Porque criança foras
Assim ficaste:
Enferrujaste
Este que é
Teu mais belo contraste
Ser um rosto que é só
Sem pé de igualdade
A mim restou o tempo
Esse embuste destarte
Fiquei mais que só
Fiquei com saudade
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Homenagem a meu quarto
Moro em um lugar feio. Mas crio um mundo de prazeres nos poucos metros quadrados do meu quarto. Lá fora, a rua fede, a poeira sobe. Depois chove e vira lama para que os homens se sujem todos. O sol que arde lhes tinge a pele fazendo-a transpirar. Fazendo-a envelhecer. Lá fora, onde o sertanejo vulgar toma conta da boca dos homens autômatos. Onde os bêbados reinam em seus botecos degradados; aflitos com seu tempo livre e com o parco amor de suas mulheres. Onde reina a destruição. Mas aqui no meu quarto meu corpo e minha alma se regalam. Que crio o alívio da limpeza e do bom cheiro. A temperatura amena e o silêncio cheio de paz. Onde crio a meia-luz que dá descanso a minha vista; a penumbra que me remete ao mundo dos meus sonhos. Das histórias fantásticas dos meus livros. Por aqui, as bestas se calam para darem vozes aos grandes autores e seus personagens. Eu, meus livros e minhas melodias. Eu e minhas melhores lembranças. Eu e minhas esperanças. Aqui, meu sonho reside e flana. Junto do sabor divino das castanhas.
domingo, 28 de novembro de 2010
sábado, 27 de novembro de 2010
Trecho: "A Montanha Mágica"
"Não é fácil precisar seus pensamentos, visto serem obscuros e confusos, mas parecia-lhe, em suma, que a honra oferecia consideráveis vantagens, mas que a vergonha não as tinha menores, e que as vantagens desta última eram quase ilimitadas. Enquanto, a título de experiência, representava no seu espírito o papel do Sr. Albin e imaginava o que significaria ver-se definitivamente livre da pressão da honra e gozar para sempre as imensas vantagens da vergonha, assustou-se o jovem diante de uma sensação de gozo dissoluto, que lhe imprimiu às batidas do coração, por alguns instantes, um ritmo ainda mais acelerado".
Thomas Mann ( tradução de Herbert Caro)
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
sábado, 9 de outubro de 2010
Cachiblema
- tu sabe o que aconteceu com aquele cara?
- rapaz, a mulher matou.
- por que?
- porque ele não ficava longe da arma nem pra dormir.
- mas por que a mulher matou?
- ih.. isso daí foi cachiblema viu.
- que isso cachiblema?
- cachaça, chifre e problema.
- rapaz, a mulher matou.
- por que?
- porque ele não ficava longe da arma nem pra dormir.
- mas por que a mulher matou?
- ih.. isso daí foi cachiblema viu.
- que isso cachiblema?
- cachaça, chifre e problema.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Cantantes e Amortecidas
O que acontece com as cantoras brasileiras de hoje? Tão previsíveis e padronizadas. De uma estética construída e sem graça. Daquela beleza que satisfaz os que têm medo do novo, da ruptura. Digo das atuais cantoras de samba, tão em moda, tão bem ditas. Todas iguais. Moças delicadas, com um quê de descolado. Fingindo para si mesmas (e para os tolos) que não fazem parte das mulheres fúteis só porque cantam (eu digo cantam e não interpretam) Cartola e Noel rosa. Flores na cabeça, cabelo encaracolado, vestidinho de algodão. A voz suave e polida. Despersonalizada. Muitas vezes a letra vem pretensiosa, incompatível com sua postura no palco, contida e ensaiada. Delas não se faz uma. Todas são um eco da produção. Feitas para serem agradáveis, afinadas e óbvias. Não que elas não tenham sua utilidade. São perfeitas como música de fundo em um café. Poderiam fazer parte do repertório do Starbucks por exemplo. Mas são incapazes de emocionar porque não são artistas. Falta força, energia. Basta rever uma interpretação de Elis Regina ou Cássia Eller para perceber a ausência de personalidade própria e naturalidade dessa nova geração. Para quem sente, ser bonitinha não pode vir antes do que simplesmente ser.
sábado, 11 de setembro de 2010
A Caricatura
Uma caricatura se esguelha pela rua
Se contorce no espaço a criatura
Presa no discurso do falado
Nessa ventura
Já não sabe o que se é
A não ser:
Enfado.
Se contorce no espaço a criatura
Presa no discurso do falado
Nessa ventura
Já não sabe o que se é
A não ser:
Enfado.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
O Tamanho da Couve
- Você vem de onde mesmo? São Paulo né?
- Sim.
- E lá, a couve é grande?
- Ah.. em casa tinha umas grandes sim...
- Olha, aqui , com quatro folhas a gente cobre uma casa.
- Sim.
- E lá, a couve é grande?
- Ah.. em casa tinha umas grandes sim...
- Olha, aqui , com quatro folhas a gente cobre uma casa.
domingo, 29 de agosto de 2010
"E o mais empolgante era que essas meninas tinham passados tão diferentes, tinham crenças diferentes. E algumas não gostavam das outras, mas a razão de estarem lá era para lerem aqueles livros. E através da leitura elas começaram a contar suas próprias histórias. A literatura faz duas coisas: tudo o que você não pode fazer na vida real, você pode fazer na ficção. E ela amplia as possibilidades e potenciais da vida. Eu não acho que se deva permanecer na literatura, seria como "Alice no País das Maravilhas". Você deve ir ao país das maravilhas da ficção, da poesia, da arte, e depois retornar ao mundo. E neste momento você vê o mundo com outros olhos."
Azar Nasifi - em entrevista para a tv cultura
sábado, 21 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
A Revolução Acreana
"Há cem anos um brado de liberdade tomou conta dos altos rios e inaugurou a fase mais radical da Revolução Acreana.
Quando, no início do ano de 1899, os bolivianos tentaram estabelecer seu governo nas terras acreanas, os brasileiros que aqui viviam pegaram em armas e resistiram ao domínio estrangeiro. Foi assim na 1° Insurreição Acreana comandada por José Carvalho, na República do Acre proclamada por Galvez e na delirante expedição dos poetas, já nos idos de 1900.
Por todos esses anos, o sonho de liberdade dos acreanos foi alimentado por uma bandeira criada durante a República de Galvez. Suas cores, verde e amarelo, revelavam o sentimento de brasileiros abandonados por seu país nos confins da Amazônia. Mas a estrela vermelha, no alto do pavilhão revelava também a firme decisão de lutar por essas terras, ainda que fosse preciso derramar seu próprio sangue.
Por isso, quando Plácido de Castro reuniu em Xapuri um exército de seringueiros para deflagrar a fase mais sangrenta e radical da Revolução, mais uma vez foi empunhada aquela bandeira verde, amarela e rubra. A guerra voltava a tomar conta da vida nos seringais acreanos e foi preciso perder e vencer vários combates até o dia da vitória final:
Tomada de Xapuri - 06 de agosto de 1902
1° Combate da Volta da Empresa -18 de setembro de 1902
Combates do Telheiro e do Bom Destino - 23 e 24 de setembro de 1902
2° Combate da Volta da Empresa - 5 e 15 de outubro de 1902
Combate do Bahia - 11 de outubro de 1902
Combate de Santa Rosa - 18 de novembro de 1902
Combate de Costa Rica - 8 de dezembro de 1902
Combate de Porto Acre - 15 a 24 de janeiro de 1903
Sete messes de guerra e centenas de homens mortos. Mas, ao final, os brasileiros venceram e se tornaram os primeiros "acreanos" de nossa história. Desde então, nunca mais essa bandeira, nascida de uma Revolução, deixou de tremular soberana sobre rios e terras acreanas. "
Inscrição do Monumento do Centenário da Revolução Acreana - Rio Branco - 22 de setembro de 2002
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Conversa com Dona Muniz
Dona Muniz: vocês duas devem ser católicas?
Nós: não...
Dona Muniz: evangélicas?
Nós: também não.
Dona Muniz: ah! então devem entender muito dessas coisas de signos.
Nós: não...
Dona Muniz: evangélicas?
Nós: também não.
Dona Muniz: ah! então devem entender muito dessas coisas de signos.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Ausência
"Por muito tempo achei que ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamaçoes alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
Carlos Drummond de Andrade
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Tediosas mulherzinhas
Coisa rara é ver uma mulher. Mas quantas mulherzinhas! Elas trabalham, se sustentam e ainda assim mulherzinhas. Não é uma mera questão de revolução da cultura. É um esforço individual. Mas são tão preguiçosas essas mulherzinhas. Preferem não pensar a ser. E nascendo agarradas à mãe e depois ao pai, continuam sempre assim: agarradas a quem quer que seja. Toda medrosinha, toda patética. Para sempre menininha. Um modelo exemplar de renuncia e autoproibição. A mulherzinha que se enfeita de limites para cumprir seu papel de ser menos. Generosa e medíocre, ela jamais cria. Morrerá a mulherzinha sem conhecer o mundo que tanto teme? Será um dia alguém?
terça-feira, 6 de julho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
domingo, 13 de junho de 2010
sábado, 22 de maio de 2010
Há pessoas, cuja existência é essencial ao nosso equilíbrio, para que nos mantenhamos em pé simplesmente. Mesmo que o convívio tenha sido levado pelo tempo e pela distância. Há pessoas que nos compõem, como uma memória permanente, uma história que não pode ser apagada sem que nosso ser seja estilhaçado. Nós, inteiros, somos também um passado imenso cujas lembranças podem ser as instâncias últimas que recorremos para viver. Que existam tais pessoas. Delas não exijamos muito, para elas não apelemos. Apenas que vivam, sejam e estejam.
terça-feira, 18 de maio de 2010
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Atrás dos olhos das meninas sérias
"Mas poderei dizer-vos que elas ousam? Ou vão,
por injunções muito mais sérias, lustrar pecados
que jamais repousam? "
Ana Cristina Cesar
por injunções muito mais sérias, lustrar pecados
que jamais repousam? "
Ana Cristina Cesar
domingo, 2 de maio de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
terça-feira, 20 de abril de 2010
Artigo: Vitrines de Amsterdã
"RECEBO CONVITES de amizade todos os dias. Por e-mail. Alguém deseja ser meu amigo e convida-me para integrar uma lista virtual em que existem dezenas ou centenas ou milhares de amigos virtuais. A pretensão encanta-me e remete-me para memórias de infância. No recreio da escola, alguém se aproximava, alguém perguntava: "Queres ser meu amigo?".A comparação é talvez ofensiva para a infância: nesses tempos, havia pelo menos o contato real com um ser humano real. Hoje, nem isso: a palavra "amizade", usada na internet, é uma traição da sua natureza verdadeira. A amizade não é um convite. É um acaso. O melhor de todos os acasos. E quem é amigo de dezenas, ou centenas, ou milhares de pessoas, obviamente não é amigo de uma só. A amizade implica tempo, disponibilidade. E, como no amor, existe na amizade uma dimensão de sacrifício e exclusividade que o ruído cibernauta contamina. Na minha vida profissional, conheço dezenas de pessoas. Mas os meus amigos são tão poucos que não excedem os dedos de uma mão. Recebo convites de amizade todos os dias. Todos os dias nada respondo, uma forma educada de recusar perguntas que não se fazem. Mas sei que pertenço a uma espécie em vias de extinção.
Conta o "Courrier Internacional", na sua edição portuguesa, que o maior site social é o Facebook, com os seus 350 milhões de utilizadores. Se fosse um país, o Facebook seria o terceiro mais povoado, depois da China e da Índia. Um admirável mundo novo? Será. Mas um mundo novo traz dilemas novos. E novas ameaças. Não falo da ameaça metafísica, ou existencial, de sermos incapazes de manter ligações significativas com alguém. As ameaças lidam também com a privacidade, ou com o valor que conferimos à privacidade num mundo onde nos expomos e espiamos. Ainda segundo a revista, e só nos EUA, um adolescente em cada cinco e um jovem adulto em cada três já enviou fotografias ou vídeos seus onde estão nus ou seminus. Mas não é preciso entrar nessas doces pornografias para ver nas "redes sociais" o que os turistas encontram nas vitrines de Amsterdã: a revelação pública da intimidade. Em fotos ou palavras. Lamentos ou pensamentos.Alguns especialistas discordam. E defendem que, no mundo moderno, não faz mais sentido defender a esfera privada. Porque tudo é privado; ou, inversamente, tudo é público, o que facilita a comunicação, a partilha e, em certos casos, a denúncia da violência e da arbitrariedade. Não estou convencido. Creio, aliás, no oposto: a conquista da privacidade, só possível no Ocidente com a emergência do Cristianismo, não foi apenas importante ao garantir aos homens um refúgio último e pessoal em que a consciência, e não a pressão da turba, é soberana. A conquista da privacidade, conferindo a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, permitiu também o culto de outras liberdades. Como relembra o escritor Jordi Soler no mesmo número da revista, é precisamente porque existe um espaço nosso, e só nosso, que existe também a liberdade de pensarmos como entendemos; de nos reunirmos com quem quisermos; e de nos expressarmos sem temer as interferências do poder político com a sua pata potencialmente censória. Quando expomos voluntariamente a nossa privacidade, estamos voluntariamente a entregar a desconhecidos o que levou séculos a conquistar e preservar. Uma rendição da nossa identidade. Não será de espantar, por isso, que comecem a surgir vozes preocupadas. Como Alex Türk, presidente da Comissão Nacional de Informática e Liberdade, da França. Para Türk, todos os interessados deveriam poder solicitar às autoridades judiciais e aos servidores de internet o "direito ao esquecimento". O direito a podermos apagar do mundo virtual as pegadas que fomos deixando, e que outros foram copiando, sobre os nossos trajetos passados. Num dos seus contos mais notáveis, "Funes el Memorioso", Jorge Luis Borges construiu uma parábola sobre um homem incapaz de esquecer. O conto de Borges não é apenas a descrição sardônica do infeliz e insone Funes, que após acidente juvenil passou a registrar, com precisão patológica, cada minuto, gesto, palavra ou imagem do mundo em volta. Uma coleção interminável que o impede de viver normalmente. O conto é uma elegia sobre a importância do esquecimento. Porque sem esquecimento não existe liberdade para continuarmos ainda e um pouco mais."
João Pereira Coutinho
Conta o "Courrier Internacional", na sua edição portuguesa, que o maior site social é o Facebook, com os seus 350 milhões de utilizadores. Se fosse um país, o Facebook seria o terceiro mais povoado, depois da China e da Índia. Um admirável mundo novo? Será. Mas um mundo novo traz dilemas novos. E novas ameaças. Não falo da ameaça metafísica, ou existencial, de sermos incapazes de manter ligações significativas com alguém. As ameaças lidam também com a privacidade, ou com o valor que conferimos à privacidade num mundo onde nos expomos e espiamos. Ainda segundo a revista, e só nos EUA, um adolescente em cada cinco e um jovem adulto em cada três já enviou fotografias ou vídeos seus onde estão nus ou seminus. Mas não é preciso entrar nessas doces pornografias para ver nas "redes sociais" o que os turistas encontram nas vitrines de Amsterdã: a revelação pública da intimidade. Em fotos ou palavras. Lamentos ou pensamentos.Alguns especialistas discordam. E defendem que, no mundo moderno, não faz mais sentido defender a esfera privada. Porque tudo é privado; ou, inversamente, tudo é público, o que facilita a comunicação, a partilha e, em certos casos, a denúncia da violência e da arbitrariedade. Não estou convencido. Creio, aliás, no oposto: a conquista da privacidade, só possível no Ocidente com a emergência do Cristianismo, não foi apenas importante ao garantir aos homens um refúgio último e pessoal em que a consciência, e não a pressão da turba, é soberana. A conquista da privacidade, conferindo a Deus o que é de Deus e a César o que é de César, permitiu também o culto de outras liberdades. Como relembra o escritor Jordi Soler no mesmo número da revista, é precisamente porque existe um espaço nosso, e só nosso, que existe também a liberdade de pensarmos como entendemos; de nos reunirmos com quem quisermos; e de nos expressarmos sem temer as interferências do poder político com a sua pata potencialmente censória. Quando expomos voluntariamente a nossa privacidade, estamos voluntariamente a entregar a desconhecidos o que levou séculos a conquistar e preservar. Uma rendição da nossa identidade. Não será de espantar, por isso, que comecem a surgir vozes preocupadas. Como Alex Türk, presidente da Comissão Nacional de Informática e Liberdade, da França. Para Türk, todos os interessados deveriam poder solicitar às autoridades judiciais e aos servidores de internet o "direito ao esquecimento". O direito a podermos apagar do mundo virtual as pegadas que fomos deixando, e que outros foram copiando, sobre os nossos trajetos passados. Num dos seus contos mais notáveis, "Funes el Memorioso", Jorge Luis Borges construiu uma parábola sobre um homem incapaz de esquecer. O conto de Borges não é apenas a descrição sardônica do infeliz e insone Funes, que após acidente juvenil passou a registrar, com precisão patológica, cada minuto, gesto, palavra ou imagem do mundo em volta. Uma coleção interminável que o impede de viver normalmente. O conto é uma elegia sobre a importância do esquecimento. Porque sem esquecimento não existe liberdade para continuarmos ainda e um pouco mais."
João Pereira Coutinho
domingo, 18 de abril de 2010
Lady Soul
"Hey Aretha, sing one for me
Let him know our life´s in misery
Will you sing a song that will touch his heart
And make him sorry that we are apart?"
Harris, John; Williams, Eugene
domingo, 11 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
"Eu canto o cão sem casa, o cão emporcalhado, o cão pobre, o cão sem domicílio, o cão andarilho, o cão saltimbanco, o cão cujo instinto é maravilhosamente fustigado pela necessidade, essa boa mãe, essa verdadeira protetora das inteligências!
Eu canto os cães calamitosos, seja os que erram solitários nas ravinas sinuosas das imensas cidades, sejam aqueles que já disseram ao homem abandonado, com seus olhos espirituais a piscar: "Leve-me contigo, e de nossas duas misérias faremos, talvez, uma espécie de felicidade."
Charles Baudelaire - Os bons cães
domingo, 14 de março de 2010
domingo, 17 de janeiro de 2010
Trecho: The Hours
"If I were thinking clearly, Leonard, I would tell you that I wrestle alone in the deep dark, and only I can know, only I can understand my own condition . You tell me you live with the threat of my extinction. Leonard, I live with it too. This is my right. It is the right of every humam being. I choose not the suffocating anesthetic of the suburbs but the violent jolt of the capital. That is my choice. The meanest patiente, even the very lowest is allowed some say in the matter of her own prescription. Thereby she defines her humanity. I wish for your sake, Leonard, I could be happier in this quietness. But if there a choice between Richmond and death, I choose death.
........
You cannot find peace by avoiding life Leonard"
Felling Good
"Birds flying high you know how I feel
Sun in the sky you know how I feel
Breeze driftin' on by you know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good
Fish in the sea you know how I feel
River running free you know how I feel
Blossom in the trees you know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good
Dragonflies out in the sun you know what I mean, don't you know
Butterflies all havin' fun you know what I mean
Sleep in peace when the day is done
And this old world is a new world
And a bold world
For me
Stars when you shine you know how I feel
Scent of the pine you know how I feel
Oh freedom is mine
And I know how I feel
It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good"
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Fios de Algodão
Manu que por um dia se chamou Sofia lançou-se finalmente aos seus desejos. Fechou os olhos para que sentisse apenas. Foi quando percebeu-se feliz e plena. Absorta no silêncio escuro do quarto azul pôde ouvir seus pensamentos claramente. Buliu com a chama da vela e suas sombras estampadas na parede quase oculta. Deu então de sorrir muito à toa , muito por nada e levantou-se rumo à janela de face de vidro. Abriu-a por onde de fora chovia devagar. Deixou então que todos fios d`agua trazidos pelo vento queimassem seu corpo de frio intenso. Lá fora , os bichos enchiam o ar de burbúrios engraçados feitos de canções. Manu que era Sofia que era menina respirou profundamente o conjunto de aromas que adensavam aquele ambiente e seu espírito. Voltou-se para a cama alva de lábios vermelhos. Chegou até eles beijando-lhes ternamente. " Acorda" , disse à Ilia, " o mundo está todinho encantado". Ilia mostrando um leve sorriso ao ver Manu , enlaçou seu ventre delicado.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Eu poderia me cansar de uma longa e silenciosa noite de verão
E da paz enferma que se agiganta na varanda da minha casa
Da natureza que se estende à minha vista, do frescor da terra
Dessa tranquilidade que aparento amar
Poderia também me cansar da beleza que estampa uma escultura grega
Da sua calculada perfeição, dos seus traços primorosos
Da sua tediosa simetria
Mas de você meu amor, eu não me canso nunca
Que sua beleza é complexa
E sua paz é viva
E da paz enferma que se agiganta na varanda da minha casa
Da natureza que se estende à minha vista, do frescor da terra
Dessa tranquilidade que aparento amar
Poderia também me cansar da beleza que estampa uma escultura grega
Da sua calculada perfeição, dos seus traços primorosos
Da sua tediosa simetria
Mas de você meu amor, eu não me canso nunca
Que sua beleza é complexa
E sua paz é viva
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
"A DESCOBERTA DO MUNDO"
" Com duas pessoas eu já entrei em comunicação tão forte que deixei de existir, sendo. Como explicar? Olhávamo-nos nos olhos e não dizíamos nada, e eu era a outra pessoa e a outra pessoa era eu. É difícil falar, é tão difícil dizer coisas que não podem ser ditas, é tão silencioso. Como traduzir o profundo silêncio do encontro entre duas almas? É dificílimo contar: nós estávamos nos olhando fixamente, e assim ficamos por uns instantes. Éramos um só ser. Esses momentos são o meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isso de: estado agudo de felicidade. Estou terrivelmente lúcida e parece que estou atingindo um plano mais alto de humanidade. Foram os momentos mais altos que jamais tive. Só que depois...Depois eu percebi que para essas pessoas esses momentos de nada valiam, elas estavam ocupadas com outras. Eu estivera só, toda só. É uma dor sem palavra, de tão funda. "
C.L
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Branda e generosa. Aceitou minhas palavras pequenas e patéticas. Ouviu-me humana e me fez sentir alívio e frescor. Como uma brisa leve em um dia de calor. Ela que me disse ser também imperfeita, e deu outros exemplos de imperfeição. Ela que se mostrou humana e me mostrou outros seres humanos. Senti-me acompanhada no mundo. Junto de quem não é tão certo nem tão seguro. Os seres impecáveis (essa ficção) , não os quero mais.
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