quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013



Engana-se quem pensa que a morte é tão somente o cessar das nossas funções vitais. A morte é o tempo que nos transforma em outro com seu andar. Tenho saudades de quem eu era , das minhas ilusões. Lá eu vivia feliz, como um bobo alegre que faz corte ao rei e a ele se entrega por completo. Ai bufão que eu era: sorridente e tagarela.  Cego  em meus devaneios, na redoma calorosa da bondade e do sonho.  E aquele narcisismo acrítico então...só deixou boas lembranças!  Eu que , não vendo vaidades em mim,  tampouco as via no outro, podendo amá-lo mais sinceramente...
Mas a foice do tempo e da morte me espreitou matando quem eu era. E agora lamentar é como gritar ao vento.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


                                                                                                                                                                                                                  
A gente aprende que ser herói é fazer grandes feitos, ser o primeiro colocado, vencer, prender bandidos, salvar inocentes. Quando na verdade, ser herói é simplesmente salvar a si mesmo.  É acordar todo dia de manhã para trabalhar, ainda que seja um trabalho chato, entediante ou sem sentido e dar a ele algum sentido. Realizá-lo bem porque é preciso. É preciso por respeito a si próprio, para que seu tempo ao menos tenha sido utilizado de forma minimamente digna.  Já que somos obrigados a trabalhar, por necessidade, que de alguma forma seja um trabalho apreciável, que nele contenha sinais de talento, esmero ou perfeição. Se fossemos outro e nos observássemos à distância, o que veríamos então? Gostaríamos? É não deixar ser contaminado pelo “monstrinho” da preguiça, da mediocridade. Além disso, é tentar ser um pouquinho menos ignorante todos os dias, um pouquinho mais generoso em um sistema econômico que estimula tanto a competitividade e o individualismo. É fazer sempre um exercício de humanidade e humildade e perceber  nossas fraquezas, que muitas vezes são as fraquezas de todos nós, fraquezas humanas: inveja, covardia, medo, soberba,  vaidade, orgulho...e tentar contornar isso tudo, através de um ato diário de força contra o que há de mais vulgar e grotesco dentro de nós mesmos.