Moro em um lugar feio. Mas crio um mundo de prazeres nos poucos metros quadrados do meu quarto. Lá fora, a rua fede, a poeira sobe. Depois chove e vira lama para que os homens se sujem todos. O sol que arde lhes tinge a pele fazendo-a transpirar. Fazendo-a envelhecer. Lá fora, onde o sertanejo vulgar toma conta da boca dos homens autômatos. Onde os bêbados reinam em seus botecos degradados; aflitos com seu tempo livre e com o parco amor de suas mulheres. Onde reina a destruição. Mas aqui no meu quarto meu corpo e minha alma se regalam. Que crio o alívio da limpeza e do bom cheiro. A temperatura amena e o silêncio cheio de paz. Onde crio a meia-luz que dá descanso a minha vista; a penumbra que me remete ao mundo dos meus sonhos. Das histórias fantásticas dos meus livros. Por aqui, as bestas se calam para darem vozes aos grandes autores e seus personagens. Eu, meus livros e minhas melodias. Eu e minhas melhores lembranças. Eu e minhas esperanças. Aqui, meu sonho reside e flana. Junto do sabor divino das castanhas.
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
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