terça-feira, 24 de abril de 2012



Ontem estive na livraria e deparei-me com um livro de Freud, Luto e Melancolia, uma edição (como sempre) bela da Cosac Naif, traduzida diretamente do alemão para o português. Como é pequeno pude lê-lo quase todo ali mesmo, mais a introdução da Maria Rita Kehl. Ainda que o livro seja considerado fácil por especialistas, os leigos que não se iludam, ele é abundante em expressões e conceitos psicanalíticos que nos farão boiar vez ou outra. Isso não impede a validade da leitura que poderá trazer-nos um lume acerca desses sentimentos tristes tão difíceis de serem descritos, nomeados, classificados e compreendidos. Quantas vezes sentimos uma tristeza inominável, sem um porquê, sem um objeto?
De mais divertida e fácil apreensão, no entanto, é a explicação que os homens do período clássico davam ao melancólico, e que Maria Rita Kehl nos conta em sua nota introdutória. Para eles, o melancólico (que por vezes se torna maníaco) não carregava um sintoma mas um traço de personalidade caracterizado por picos alternantes de tristezas e alegrias.  Ele também era considerado um homem de gênio, mais propenso à arte criadora, à imaginação.
A explicação para os diferentes humores era dada pela coexistência de quatro substâncias no corpo humano: sangue (quente e úmido), fleugma (frio e úmido), bile amarela (quente e seca) e bile negra (fria e seca). A prevalência de uma delas sobre as outras marcava a personalidade: sanguínea, fleumática, colérica ou melancólica. Também os planetas interferiam nessa caracterização. No caso do melancólico, saturno.



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