sexta-feira, 29 de abril de 2011

Pequena reflexão sobre o tempo


O tempo daquele que espera cresce no presente e morre no passado. No agora ele existe gigantesco para depois, no futuro, quando relembrado, inexistir, por nele não ter ocorrido impressões marcantes. Nessas ocasiões fica fácil perceber que o tempo só existe no presente. Quando nos referimos a um tempo que se foi, nos referimos somente a uma memória. Isso explica o senso comum de que a pessoa que foi mais ativa aproveitou melhor a vida. Como se o tempo transcorrido pudesse ser recolhido através das suas memórias e guardado numa caixinha no fundo do armário. Essa é a promessa de uma velhice mais livre de amarguras e arrependimentos. Uma ilusão na verdade. O tempo  sempre flui, o perdemos inevitavelmente e de forma constante. Por isso é inconsistente afirmar que uma vida repleta de memórias seja melhor que outra mais vazia delas. Muito menos que uma coleção de lembranças acalenta o homem no final da vida. Na realidade mal pode-se falar de “uma vida bem aproveitada” e tão somente “vive-se bem”.  Por isso, erram tanto os mesquinhos quanto os inconsequentes, a juventude romântica que vive o presente negligenciando as dificuldades que poderão encontrar na velhice, sem planos ou provisões para a mesma. Vale dizer, a velhice só será doce se naquele momento houver açúcar. Não adiantará de nada a lembrança de que um dia os teve aos montes.  


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