No desterro Nhá asseverou: faltou-lhe administrar seus vastos quereres. Por isso Meleléia também quis o sol. Atingiu o apogeu e queimou-se feito Ícaro. Dos deuses a lição de humildade. Meleléia quis muito ser e não sendo como o sol queimou-se dele, da sua quentura. Restou a cantiga do povo do vilarejo, que sem ninguém dizer aprende, só se vendo basta.
Essa mulher foi cordata
Foi boa, estouvada
Fincada de brio
Agora é bravata
no curso da estrada
de farto extravio
Meleléia coitada
Que fora cordata
Em tempo bravio
Agora é maçada
De parca ossada
Que nem um pavio
Fizeram a Meleléia prece, arredondaram trato: Meleléia voltasse, dariam pato, gazela e corça para assar em festa. Noite e dia vem e passa, todo burgo na janela, a vislumbrar de sombra e vulto, em sentinela.
Mas só quinquilharia vem: vendedor de panela velha, burro de carga sofredor e cão de sarna em treva. Meleléia embaça. Esperança estremece a quem carece de santo.
Sofre o burgo todo. E se repete o canto.
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