quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Pato Real


 Conta Jonathan Franzem, na sua obra memorialista, “The Discomfort Zone”, que irrompeu em lágrimas ao visar um casal de patos reais em uma lagoa no Central Park. A cena dramática é explicada por uma frustração amorosa que o escritor havia acabado de enfrentar. Quem já viu a docilidade dessas aves juntas é capaz de entender o desconforto que ele deve ter sentido, ao deparar naquela imagem, ele mesmo e seu par ausente.
A primeira vez que eu vi um casal desses patos – nadando em uma lagoa em Potsdam – soube que passavam toda a vida juntos. Depois, pesquisando melhor, descobri que não é bem assim: o macho acompanha a fêmea até que ela ponha seus ovos, quando então, tem de cuidar dos filhotes sozinha. Para os amantes tanto faz. Tal fato não detona a força simbólica que, de repente, a natureza proporciona ao homem citadino que caminha pelo parque. A beleza do nado acompanhado dessas aves, o cuidado para com suas trajetórias, para que convirjam, é poderoso o suficiente para servir de temerário espelho a quem as vislumbra.

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