Conta Jonathan Franzem, na sua obra memorialista, “The Discomfort Zone”, que irrompeu em lágrimas ao visar um casal de patos reais em uma lagoa no Central Park. A cena dramática é explicada por uma frustração amorosa que o escritor havia acabado de enfrentar. Quem já viu a docilidade dessas aves juntas é capaz de entender o desconforto que ele deve ter sentido, ao deparar naquela imagem, ele mesmo e seu par ausente.
A primeira vez que eu vi um casal desses patos – nadando em uma lagoa em Potsdam – soube que passavam toda a vida juntos. Depois, pesquisando melhor, descobri que não é bem assim: o macho acompanha a fêmea até que ela ponha seus ovos, quando então, tem de cuidar dos filhotes sozinha. Para os amantes tanto faz. Tal fato não detona a força simbólica que, de repente, a natureza proporciona ao homem citadino que caminha pelo parque. A beleza do nado acompanhado dessas aves, o cuidado para com suas trajetórias, para que convirjam, é poderoso o suficiente para servir de temerário espelho a quem as vislumbra.
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