quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sobre o amor e seu trabalho silencioso

Eu sei, Rilke aconselha os jovens poetas, que não falem de amor já que a chance do escorregão é grande. Mas a realidade é que não há outra opção então arrisca-se. Que seja.  
Há uma música em um álbum (Vagarosa) da cantora Céu que tem nome bonito: “Sobre o amor e seu trabalho silencioso”. Aqui me fio apenas no título por este alcançar força própria, autônoma. Ele diz tanto porque é realmente assim: de um ato inocente, despretensioso, por vezes lúdico, brota o tal, ainda pequenino, de alguma profundeza densa e misteriosa do ser. Lá ele se alimenta de algo sem nome e cresce invisível, se movimenta ligeiro, serpenteando entranhas, ainda que discreto; insistente e perturbador. Uma cria estranha. De repente, por gigantesco que está, irrompe. Extravasa. Só restando a quem o abriga dar conta do recado, desse tamanho tanto. Coisa de gente grande. Um outro recado de poeta é: vivê-lo é razão para que se safe de uma existência vulgar. Consolo. 

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